Banco Central

Atualizado em 19 de dezembro, 2025 às 18:04

Banco Central do Brasil

Visão geral

O Banco Central do Brasil (BCB ou Bacen) é a principal autoridade monetária do país, responsável por formular e executar a política monetária, garantir a estabilidade do poder de compra da moeda, e supervisionar o sistema financeiro nacional. Atua como banco dos bancos, emissor de moeda e gestor das reservas cambiais. Recentemente, a instituição esteve sob escrutínio devido à liquidação extrajudicial do Banco Master, gerando questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a motivação e o processo decisório. A Fictor Holding, que havia apresentado proposta de compra, suspendeu a operação após a liquidação, alegando ter tomado conhecimento da decisão pela imprensa. O caso do Banco Master abalou o sistema financeiro, expondo fragilidades relacionadas à oferta de CDBs de alta rentabilidade garantidos pelo FGC e levantando críticas sobre a demora do Banco Central em intervir. Este episódio também colocou em xeque a agenda de inovação do BC e intensificou o debate sobre a necessidade de maior supervisão regulatória no setor bancário. Antes de sua liquidação, o Banco Master, através de seu economista-chefe, defendeu que as altas taxas de juros no Brasil não eram culpa do Banco Central, mas sim resultado de causas estruturais complexas e pressões inflacionárias, indicando que a questão é mais ampla do que ações pontuais de política monetária. Com a liquidação, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) foi determinado a se responsabilizar pelo ressarcimento dos credores, e a EFB Regimes Especiais de Empresas foi nomeada liquidante com amplos poderes. Os bens da controladora e dos administradores do Banco Master foram bloqueados, e o dono do banco, Daniel Vorcaro, foi preso pela Polícia Federal.

Contexto e histórico

O Banco Central do Brasil foi criado pela Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, com o objetivo de atuar como órgão regulador e supervisor do sistema financeiro. Suas funções incluem a emissão de moeda, a gestão da política monetária e cambial, a supervisão de instituições financeiras e a administração do sistema de pagamentos. A liquidação extrajudicial de instituições financeiras é uma de suas prerrogativas, aplicada quando um banco não tem mais condições de operar, visando proteger credores e a estabilidade do sistema. O caso do Banco Master, em particular, revelou uma "guerra de bastidores" no sistema bancário, evidenciando disputas entre grandes bancos, instituições menores e fintechs, e reforçando a discussão sobre a adequação da supervisão regulatória em um cenário de rápida evolução e inovação financeira. Essa "guerra de bastidores" também incluiu o debate sobre a responsabilidade pelas altas taxas de juros, com o economista-chefe do Banco Master argumentando que o problema residia em causas estruturais e não em ações do Banco Central. O ex-presidente Michel Temer também se envolveu nas negociações para a venda do Banco Master ao BRB (Banco de Brasília), atuando como agente facilitador após uma negociação anterior ter sido indeferida pelo Banco Central. A liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada pelo Banco Central e assinada pelo presidente Gabriel Galípolo, levou à nomeação da EFB Regimes Especiais de Empresas como liquidante e ao bloqueio dos bens da controladora e dos administradores, além da prisão do dono do banco, Daniel Vorcaro, pela Polícia Federal. Uma tentativa prévia de venda do Banco Master ao BRB foi rejeitada pelo BC devido ao risco de sucessão relacionado à operação.

Linha do tempo

  • 23 de julho de 2024: O economista-chefe do Banco Master declara que as altas taxas de juros no Brasil não são culpa do Banco Central, mas sim de causas estruturais complexas e pressões inflacionárias.
  • 18 de setembro de 2025: O ex-presidente Michel Temer confirma publicamente sua participação como agente facilitador nas negociações para a venda do Banco Master ao BRB (Banco de Brasília), após uma negociação anterior ter sido indeferida pelo Banco Central.
  • 28 de abril de 2025: O caso do Banco Master é amplamente repercutido, expondo tensões no sistema financeiro e levantando questionamentos sobre a atuação do Banco Central e a necessidade de maior supervisão regulatória.
  • Outubro de 2025: O Banco Central rejeita a aquisição do Banco Master pelo BRB (Banco de Brasília) devido ao risco de sucessão relacionado à operação.
  • Novembro de 2025: A Fictor Holding apresenta proposta de compra do Banco Master.
  • 18 de novembro de 2025: O Banco Central decreta a liquidação extrajudicial do Banco Master, em ato assinado pelo presidente Gabriel Galípolo, tornando indisponíveis os bens dos controladores. O FGC é determinado a se responsabilizar pelo ressarcimento dos credores, a EFB Regimes Especiais de Empresas é nomeada liquidante, os bens da controladora e administradores são bloqueados, e Daniel Vorcaro, dono do banco, é preso pela Polícia Federal em São Paulo.
  • 18 de novembro de 2025: O consórcio de investidores Fictor informa que suspendeu a operação de compra do Banco Master após o Banco Central decretar a liquidação extrajudicial da instituição, alegando ter tomado conhecimento da decisão pela imprensa.
  • Dezembro de 2025: O Banco Central decreta a liquidação extrajudicial do conglomerado Banco Master, incluindo Banco Master S/A, Master de Investimento, Letsbank e Master Corretora, um dia após a proposta da Fictor Holding. A justificativa foi o comprometimento da situação econômico-financeira, deterioração da liquidez e infrações às normas bancárias.
  • 19 de dezembro de 2025: O ministro Jonathan de Jesus, do TCU, solicita explicações ao Banco Central em até 72 horas sobre a liquidação do Banco Master, apontando indícios de precipitação e possíveis irregularidades. O ministro Dias Toffoli, do STF, também determina que dirigentes do BC deponham sobre o caso.

Principais atores

  • Banco Central do Brasil (BCB/Bacen): Autoridade monetária responsável pela supervisão do sistema financeiro e pela liquidação de instituições. Representado por seu presidente, Gabriel Galípolo, que assinou o ato de liquidação do Banco Master. Sua atuação no caso Master gerou críticas pela demora na intervenção e levantou questionamentos sobre sua agenda de inovação. Decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, nomeou a EFB Regimes Especiais de Empresas como liquidante e determinou o bloqueio de bens. Rejeitou uma tentativa prévia de venda do Banco Master ao BRB devido ao risco de sucessão.
  • Tribunal de Contas da União (TCU): Órgão de controle externo que questionou a conduta do BC na liquidação do Banco Master. Representado pelo ministro Jonathan de Jesus.
  • Supremo Tribunal Federal (STF): Corte máxima do judiciário brasileiro, que também acompanha o caso. Representado pelo ministro Dias Toffoli.
  • Banco Master: Instituição financeira que teve sua liquidação extrajudicial decretada pelo BC, citando comprometimento financeiro e infrações regulatórias. Seu caso expôs fragilidades no sistema financeiro, especialmente em relação a CDBs de alta rentabilidade. Antes da liquidação, seu economista-chefe defendeu publicamente que as altas taxas de juros no Brasil eram resultado de causas estruturais, e não de falhas do Banco Central. Teve seus bens e os de seus administradores bloqueados, e seu dono, Daniel Vorcaro, foi preso.
  • Fictor Holding: Empresa que havia apresentado proposta de compra do Banco Master e que, após a liquidação, suspendeu a operação, colocando-se à disposição das autoridades para esclarecimentos e aguardando entendimento sobre o cenário legal.
  • BRB (Banco de Brasília): Instituição que teve sua proposta de aquisição do Banco Master rejeitada anteriormente pelo BC devido ao risco de sucessão e que posteriormente esteve envolvida em novas negociações facilitadas por Michel Temer.
  • Michel Temer: Ex-presidente da República que atuou como agente facilitador nas negociações para a venda do Banco Master ao BRB, a convite dos governantes, após uma negociação anterior ter sido indeferida pelo Banco Central.
  • Fundo Garantidor de Créditos (FGC): Entidade privada sem fins lucrativos que garante o ressarcimento de depósitos e investimentos em caso de intervenção, liquidação ou falência de instituições financeiras. Foi acionado para ressarcir os credores do Banco Master.
  • EFB Regimes Especiais de Empresas: Empresa nomeada pelo Banco Central como liquidante do Banco Master, com amplos poderes para conduzir o processo de liquidação.
  • Daniel Vorcaro: Dono do Banco Master, preso pela Polícia Federal em São Paulo no dia da liquidação extrajudicial do banco.

Termos importantes

  • Liquidação extrajudicial: Processo conduzido pelo Banco Central para encerrar as atividades de uma instituição financeira que não tem mais condições de operar, visando vender bens e pagar credores. Diferente da falência, é uma medida administrativa. No caso do Banco Master, o FGC foi acionado para ressarcir os credores, e uma empresa liquidante foi nomeada.
  • Política monetária: Conjunto de ações do Banco Central para controlar a quantidade de dinheiro em circulação, as taxas de juros e o crédito, com o objetivo de manter a estabilidade de preços.
  • Conglomerado financeiro: Grupo de empresas que atuam no mercado financeiro sob o mesmo controle, oferecendo diversos serviços bancários e de investimento.
  • Precatórios: Ordens de pagamento emitidas pelo poder judiciário para que entes públicos paguem dívidas reconhecidas em decisão judicial definitiva.
  • CDBs de alta rentabilidade garantidos pelo FGC: Certificados de Depósito Bancário que oferecem retornos acima da média do mercado, com a segurança adicional da garantia do Fundo Garantidor de Créditos, o que pode atrair investidores, mas também gerar fragilidades no sistema se não houver supervisão adequada.

Fontes

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