Trama Golpista

Atualizado em 22 de dezembro, 2025 às 20:19

Trama Golpista

Visão geral

A "Trama Golpista" refere-se a um conjunto de ações e articulações que, segundo investigações e condenações do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, visavam a manutenção do ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022, e a abolição do Estado Democrático de Direito. As ações incluíram a disseminação de desinformação, ataques ao sistema eleitoral, pressão sobre militares, uso da máquina pública para fins políticos e a elaboração de planos para uma ruptura institucional, culminando nos ataques de 8 de janeiro de 2023 às sedes dos Três Poderes em Brasília. O STF tem julgado os envolvidos em diferentes "núcleos" de atuação, com diversas condenações e prisões já efetuadas.

Contexto e histórico

Após as eleições presidenciais de 2022, que resultaram na vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, surgiram alegações de fraude eleitoral e questionamentos sobre a lisura do processo. Esse cenário foi acompanhado por manifestações e acampamentos em frente a quartéis, pedindo intervenção militar. A Procuradoria-Geral da República (PGR) e o STF iniciaram investigações sobre uma suposta organização criminosa que teria planejado e executado ações para impedir a transição democrática de poder e promover um golpe de Estado. As investigações apontam que a trama se articulou desde meados de 2020, com a intenção de minar a confiança nas urnas eletrônicas e no sistema eleitoral.

Linha do tempo

  • 2020 (meados): Início do planejamento da organização criminosa para a manutenção no poder, segundo o STF.
  • 2022 (Outubro): Segundo turno das eleições presidenciais, com denúncias de uso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para obstruir eleitores no Nordeste.
  • 2023 (8 de janeiro): Ataques e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília.
  • 2025 (11 de setembro): Condenação de réus do "núcleo crucial", incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
  • 2025 (21 de outubro): Condenação de réus do "núcleo da desinformação" por disseminação de informações falsas e ataques a autoridades.
  • 2025 (18 de novembro): Condenação de réus do "núcleo 3", incluindo militares, por planos de ruptura institucional e monitoramento de autoridades.
  • 2025 (25 de novembro): STF determina o início da execução das penas dos condenados do "núcleo crucial", com a prisão dos envolvidos. Alexandre Ramagem não é preso por ter fugido para os EUA, e Moraes determina seu processo de extradição.
  • 2025 (16 de dezembro): A Primeira Turma do STF condena cinco réus do "núcleo 2" (Filipe Martins, Marcelo Câmara, Marília Alencar, Mário Fernandes e Silvinei Vasques) por gerenciamento de ações golpistas. O delegado da PF Fernando Oliveira é absolvido. A Polícia Federal questiona Moraes sobre o destino de correspondências para Bolsonaro, preso em Brasília.
  • 2025 (17 de dezembro): O "PL da Dosimetria", que poderia reduzir penas de condenados por atos golpistas, é aprovado pelo Senado e enviado para sanção presidencial.
  • 2025 (18 de dezembro): O presidente Lula afirma que vetará o "PL da Dosimetria".
  • 2025 (19 de dezembro): A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados cassa os mandatos de Alexandre Ramagem e Eduardo Bolsonaro (por faltas), evitando votação em plenário para Ramagem, após o imbróglio com Carla Zambelli.

Principais atores

  • Jair Bolsonaro: Ex-presidente, condenado como líder da organização criminosa.
  • Alexandre de Moraes: Ministro do STF, relator das ações sobre a trama golpista.
  • Alexandre Ramagem: Ex-diretor-geral da Abin e deputado federal, condenado e com mandato cassado, considerado foragido nos EUA.
  • Silvinei Vasques: Ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, condenado por uso da máquina estatal para fins golpistas.
  • Filipe Martins: Ex-assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência, condenado.
  • Marcelo Câmara: Coronel da reserva e ex-assessor de Jair Bolsonaro, condenado.
  • Mário Fernandes: General da reserva e ex-secretário-geral da Presidência, condenado.
  • Marília Alencar: Ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, condenada parcialmente.
  • Fernando Oliveira: Delegado da Polícia Federal e ex-secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF, absolvido.
  • Hugo Motta: Presidente da Câmara dos Deputados, responsável pela cassação de Ramagem e Eduardo Bolsonaro.
  • Carla Zambelli: Deputada federal, teve o mandato cassado pelo STF e renunciou antes da efetivação.
  • Procuradoria-Geral da República (PGR): Órgão responsável pela denúncia dos réus.
  • Supremo Tribunal Federal (STF): Instância judicial responsável pelos julgamentos e condenações.

Termos importantes

  • Núcleo crucial: Grupo responsável pelo planejamento e articulação central dos atos golpistas.
  • Núcleo 2: Grupo responsável pelo gerenciamento das principais ações golpistas.
  • Núcleo 3: Grupo que atuou na ruptura institucional, com planos para monitorar e assassinar autoridades.
  • Núcleo da desinformação: Grupo que elaborou e disseminou informações falsas e atacou autoridades para provocar ruptura institucional.
  • PL da Dosimetria: Projeto de lei que propunha a revisão de penas, com potencial de beneficiar condenados por atos golpistas, vetado pelo presidente Lula.
  • Minuta do golpe: Documento que previa a implementação de medidas de exceção no país.
  • Abolição do Estado Democrático de Direito: Crime que consiste em tentar impedir ou restringir o exercício dos poderes constitucionais ou o livre exercício dos direitos políticos.
  • Golpe de Estado: Crime que visa depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído.

Fontes

Artigos recentes relacionados